Nesta cidade de símbolos tão peculiares quanto belos - uma araucária, um pinhão, um céu cinzento - há quem goste da arte. Seguem, pois, um poema e um retrato, ambos produções curitibanas. O soneto é de autoria do amigo Wagner Schadeck, que é poeta, tradutor e ensaísta. A ilustração retrata o artista, feita por mim.
ÉDIPO
Nesta cidade de
almas enlameadas,
Como dentes que
saltam dos cavoucos,
Os paralelepípedos
aos poucos
Podres deixam
banguelas as estradas.
Os seus sonhos são
lâmpadas queimadas
Num corredor de
hospício cujos loucos,
Com colchas no
pescoço e gritos roucos,
Em fuga se
enforcaram nas sacadas.
Em sua entrada, à
luz de olhos alertas,
Que piscam pela
madrugada adentro,
Por praças e
avenidas mais desertas,
Nos muros e
edificações do Centro,
Meu olhar nos
hieróglifos constringe:
Como decifro esta
voraz esfinge?
Retrato de Wagner Schadeck, João Niehues. |
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